Thursday, February 19, 2009

Os pregos na porta


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Esta é a história de um jovem que sempre que perdia a paciência dizia palavras que magoavam as pessoas à sua volta. Seu pai teve uma idéia: lhe deu um pacote de pregos e lhe disse que cada vez que perdesse a paciência deveria pregar um prego atrás da porta do porão de sua casa. Rapidamente, a porta ficou repleta de pregos. Porém, à medida que ia aprendendo a controlar o seu gênio, colocava cada vez menos pregos atrás da porta. Descobriu que podia controlá-lo pois a ação de pregar o fazia refletir sobre sua má atitude.
Chegou finalmente o dia em que pôde controlar seu caráter e já não tinha motivo para pregar. Quando informou ao seu pai, ele sugeriu que o filho retirasse um prego a cada dia que conseguisse controlar seu caráter. Os dias passaram e o jovem pôde finalmente anunciar ao seu pai que não havia mais pregos a retirar da porta. Seu pai então lhe disse:
"Você trabalhou duro, meu filho, mas olhe todos estes furos na porta. Nunca mais a porta será a mesma. Cada vez que você perde a paciência, deixa cicatrizes exatamente iguais às que você vê aqui. Você pode insultar uma pessoa e retirar o que disse, mas a ferida permanece e o mal se espalha. Uma ofensa verbal é tão prejudicial como uma ofensa física. Agora é preciso trabalhar muito mais para que a porta fique como antes. Você deve reparar cada furo e, ainda assim, dificilmente conseguirá que fique como era antes".
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Uma pessoa muito especial me contou essa historinha um dia, e eu nunca mais esqueci. Será que às vezes a gente não deveria pensar mais um pouquinho antes de agir, ou de falar? Duas, três vezes...
É incrível como achamos que temos razão e motivos para fazermos ou falarmos certas coisas quando estamos com raiva ou magoados. E também é incrível como palavras ou mesmo o silêncio podem simplesmente ACABAR com o dia de uma pessoa. Portanto, "cuide para que suas palavras sejam melhores que o seu silêncio". MELHORES, não piores. E, se forem, não hesite em dizê-las. Ninguém acha ruim receber um elogio quando fez alguma coisa boa.
Na boa, os pregos deixam marcas... assim como as palavras. Just be careful with what you say.

Wednesday, February 18, 2009

Postando e NÃO comentando I


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"Fecha e deixa solto" by Martha Medeiros


Muitos leitores mandam sugestões de tema para crônica, e nem sempre posso aproveitá-las, não porque não sejam boas, mas é preciso que eu comungue da mesma idéia, senão vira uma simples encomenda e o texto sai frio. Mas semana passada um internauta chamado Paulo me contou um papo que teve com um amigo e eu não pude desprezar o depoimento dele, até porque, além de divertido, considero o assunto de utilidade pública.

Ambos maduros, com alguns casamentos nas costas, estavam se queixando das namoradas. Não agüentavam mais a ladainha: "onde foi, onde estava, por que não ligou, não me disse que foi, de quem é esse número, liguei e não atendeu, eu vi que você olhou pra ela, a que horas você chegou, você não me convidou, por que você não atendeu, o que vamos fazer no Carnaval, você quer que eu vá ou não, assim não vou".

Ri muito quando ele reproduziu esse pout-pourri de lamentações. É bem assim. Os apaixonados costumam massacrar. Eu só acrescentaria que esse massacre não é só feminino: tem muito homem que age da mesma forma.

Mas prosseguindo. O amigo de Paulo, durante a conversa, apontou uma saída: "Elas precisam aprender com os flanelinhas".

Como?

"O flanelinha te indica um lugar pra estacionar e diz: fecha e deixa solto". Não é simples?

Eis a fórmula sugerida por eles para fazer as relações durarem mais do que três semanas: fecha (sim, um relacionamento fechado, fiel, bacana), mas deixa solto. Mantenha um espaço para respirar. Permita um mínimo de mobilidade: poder empurrar um pouquinho pra frente, um pouquinho pra trás. Possibilite uma manobra, um encaixe. Não puxe o freio de mão.

Essa crônica foi praticamente escrita pelo meu leitor Paulo, cujo sobrenome não vou revelar para que suas namoradas não se sintam expostas. Mas seja para Paulos, Marias, Anetes ou Ricardos, a regra do flanelinha deve ser seguida e regulamentada: fecha e deixa solto. Confia. Ninguém quer invadir seu relacionamento, mas é preciso que haja flexibilidade, ajuste às novas situações, enfim, tem que relaxar um pouco.

"Tem que"? Bom, talvez não tenha que relaxar, se esse tipo de queixa (onde foi, com quem estava, por que não ligou) for considerado um carinho, um cuidado, parte do jogo do amor, sem causar maiores irritações. Mas, antes de iniciar um interrogatório desse tipo, sonde o terreno, veja se está agradando. Geralmente, pessoas maduras já estão com a paciência esgotada para investigações minuciosas. Desconfio até que a irritação se dá por que "onde fomos, com quem fomos e por que não ligamos" não tem nada de excitante ou misterioso: fomos almoçar com a mãe e o celular ficou sem bateria. Se estivéssemos fazendo algo realmente condenável, aí sim, justificaria uma crucificação verbal. Ao menos as respostas exercitariam nossa criatividade e cinismo.

Mas como somos todos inocentes, feche e deixe solto.

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Viu? ;)

Fecha e deixa solto. :)